27 de jul. de 2011

BRUMAS DE UMA EXISTÊNCIA

Pensando na minha existência, lembrei-me da juventude quando meu coração e minha mente eram povoados de sonhos. Alguns realizados outros tantos não.
Neste meu devaneio lembrei-me de uma coluna do Jornal O Globo que li ano passado sob o título Coração Ausente e constatei algo que ainda não havia reparado.
Em minha caminhada, criei corações secretos com o fito de me proteger.
O que quero dizer com isto?
É sabido que uma pessoa após perder um membro do corpo, pode continuar sentido dores no mesmo como se ele ainda lá estivesse apesar da amputação, mas o sofrimento perdura, atormenta e maltrata. Não há um remédio que se passe para amenizar a dor, pois este membro está ausente, faz parte de um passado, é irreal, inalcançável por qualquer panacéia.
Na tentativa de empreender uma jornada segura na busca de meus ideais, criei um órgão fictício, logo, inatingível pelos meus concorrentes, de modo a preservar-me durante minha empreitada pela realização dos sonhos.
Desvario? É certo, mas este coração ausente e surreal me permitiu seguir incólume pelas veredas da vida.
Meus sonhos? Ainda os busco, mas sem a necessidade da couraça de meus delírios, pois com o passar dos anos e como conseqüência de algumas conquistas, romperam-se os grilhões, minha carta de alforria emoldurada pelas realizações, vela meu sono, combati o bom combate, encontro-me livre.
ESTEVES –CEL RR