28 de jul. de 2008

A FORMIGA

EM SILÊNCIO E COLETIVAMENTE

Os primeiros momentos após a queda do Comandante Geral, quando os ânimos estavam exacerbados, davam sinal que eclodiria uma libertação da PMERJ da opressão política que a aprisiona e a deteriora há muitos anos. Todavia, hoje nota-se que nada mudou. Os integrantes da briosa se digladiam através de insultos e ofensas anônimas, talvez alimentados pelos ardilosos no poder que manipulam as informações e as distorcem a seu bel-prazer, de modo a não permitir o entendimento e a união que lhes traria, certamente, ameaça a seus propósitos, atuando de forma vil na vaidade de alguns.
Diante deste quadro a desesperança tomaria acento, entretanto, mesmo sempre atacados por inimigos e por amigos manipulados por meias verdades, os Barbonos mantiveram um foco de resistência ao jugo. Enfraquecidos mantiveram incandescente seus corações na luta por uma PMERJ melhor para todos os seus integrantes, sem distinção.
Juntaram-se a outros idealistas na busca de um Movimento de Polícia Cidadã onde esta é composta por cidadãos completos, já que o policial militar é visto e tratado como “meio cidadão”. Agora esquecidos, continuam a luta anonimamente em prol de melhorias para os que ainda permanecem na atividade profissional, já que eles, após colocarem seus cargos a disposição enquanto não se fizesse algo em benefício da Instituição, foram afastados e isolados como se leprosos fossem.
Ainda lutam, mesmo atacados pelo velho jargão: Os “Coronéis só querem o poder, dar ordem e polpudas gratificações...”, pois é, eles abriram mão de tudo isto para lutar por muitos, para honrar um juramento que fizeram com tenra idade na EsFO, ainda que alguns destes muitos os ataquem e os insultem sem conhecê-los, pela certeza do jargão estereotipado.
Lutam, surdos aos ataques daqueles que serão beneficiados, caso logrem êxito, por aqueles que gritam e esbravejam, anonimamente, mas que, aguardam o desfecho para reclamar ou usufruir até que se reinicie novas reclamações. É do ser humano, não há como mudar, a não ser acreditar que se deve tentar e eles estão tentando. Como formigas, trabalham coletivamente e em silêncio.

ESTEVES – CORONEL DA PMERJ

11 de jul. de 2008

DESPREPARADO

DESPREPARADO? QUEM?
Estou cansado de ouvir as autoridades tentando justificar um erro com a alegação do despreparo do Policial.
Primeiramente há de se responder algumas perguntas: 1 - Quem está despreparado, o homem na ponta da linha ou quem o mandou pra lá, mesmo estando ciente de suas limitações?
2 – Despreparado para que? Se observarmos, o PM recebe orientações para o patrulhamento a pé, de como agir ao abordar um carro suspeito, um “elemento” suspeito, etc, depois é lançado numa viatura, numa escala desumana, vê seus colegas serem elogiados, serem premiados com pecúnia e folgas de serviço por matarem marginais da Lei, enquanto a prevenção, imensurável, é relegada a segundo plano. Ainda a este jovem, nos píncaros do estresse, é cobrado produtividade, como se uma força policial fosse igual a uma fábrica, onde o produto final é material.
“Quantas armas você apreendeu? Quantos marginais matou? Quantos traficantes e quanta droga você conseguiu pegar?” Diante desta diária cobrança que é feita ao PM a pergunta é, Será que ele realmente não está preparado para fazer o que as autoridades esperam, ou são estas autoridades que estão despreparadas e conduzem o policial a este tipo de ação e depois o abandonam a própria sorte por ter “executado” a pessoa errada.
Vamos refletir: É esse risco que queremos? Nossos entes sob a mira constante de homens preparados para matar ou morrer? Se não, está na hora de mudar. De exigir, aos que pusemos no poder para gerenciar o nosso Estado em benefício do povo, que se adéqüem a realidade do que desejamos para o futuro.

ESTEVES - CORONEL

O DESCOMANDO

O DESCOMANDO

Um oficial precisa de sua tropa treinada, segura de si e, principalmente, confiante em seu comandante para poder desempenhar suas missões exitosamente, mas, por outro lado, há uma interdependência, ou seja, a tropa precisa de um comandante que lhe inspire confiança, que lhe oriente e lhe diga o que e como fazer, resumindo, de um comandante que comande.
Parece pleonasmo, mas não é, existe comandante e COMANDANTE, a diferença se vê, principalmente, no resultado.
Aquele que está à frente de um contingente e que, apesar da legalidade, não possui junto aos comandados a legitimidade para tal, executa com muito mais esforço sua missão. As ordens que normalmente se concretizam com naturalidade, neste caso ocorrem com dificuldade e pesar, pois os subordinados se sentem inseguros e fragilizados, gerando mais um fator de estresse.
Porque digo isso? Ora o quadro dantesco da Segurança Pública do nosso estado, além de envergonhar-me como profissional, leva-me a reflexão e a projeção de um futuro mais nefasto, desta feita, minha lucidez se torna prejudicial, pois, como sou cliente desta “segurança”, me conduz ao pânico.
Os fatos estão aí para quem tiver dificuldade em ver.
Medidas, não muito complexas nem tampouco radicais, têm que ser tomadas de imediato. Antes da instauração de um estado de sítio em que o homem de bem será penalizado por tal comportamento.

CORONEL ESTEVES