Grupo de Cabral é suspeito de lavar dinheiro
em negócio no Aterro de Gramacho
Procuradores investigam se ex-secretário Hudson Braga intermediou
contrato entre empresa e governo. Pela consultoria, Braga recebeu R$ 2 milhões
em negócio de R$ 1 bilhão.
O Ministério Público Federal do Rio
investiga se o grupo liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral tinha uma outra
forma de lavar dinheiro. Dessa vez, o alvo é uma consultoria prestada por
Hudson Braga, ex-secretário estadual de Obras, e que rendeu à uma empresa que
explora gás a partir do lixo, um contrato de R$ 1 bilhão junto à Companhia
Estadual de Gás (CEG). Por atuar nesta negociação, Braga recebeu pouco mais de
R$ 2 milhões. As informações foram reveladas nesta terça-feira (27) pelo RJTV.
Os valores
foram depositados entre 24 de junho e 20 de julho deste ano nas contas da
empresa de Braga. Os investigadores chegaram a essas conclusões após o
depoimento do empresário Paulo Tupinambá à Polícia Federal. Tupinambá foi o
responsável pelos depósitos para a empresa H. Braga Consultoria. Tupinambá é
proprietário da empresa Gás Verde, que extrai e comercializa biogás do Aterro
de Gramacho, na Baixada Fluminense.
Em seu
depoimento, Tupinambá disse que contou com a ajuda de Hudson Braga para fechar
o contrato de R$ 1 bilhão. O MPF quer saber se houve realmente a consultoria ou
se foi mais uma forma utilizada por Braga para lavar dinheiro.
Na investigação
que resultou na operação Calicute, Hudson Braga recebia das empreiteiras 1% do
valor das obras realizadas no Estado do Rio. Segundo os investigadores, Braga
chamava esse valor de propina de "taxa de oxigênio".
Paulo Tupinambá
falou ainda que a contratação da consultoria se deu porque a diretoria da sua
empresa, a Gás Verde entendeu que Hudson Braga era um agente legítimo de
mercado e que não havia - naquele momento - nada que desabonasse o
ex-secretário. O RJTV já havia perguntado duas vezes à Companhia Estadual de
Gás (CEG) se Hudson Braga teria participado da negociação do contrato com a Gás
Verde. A empresa sempre afirmou que as negociações foram feitas sem
intermediários ou consultorias. Nesta terça (27), confrontada com a informação
de que Hudson Braga participava pessoalmente de reuniões na presidência, a
concessionária mudou de versão. Confirmou a presença do ex-secretário em
encontros na empresa.
A CEG afirmou
que, quando isso ocorreu, Hudson Braga se fez como convidado da Gás Verde e
estava junto com os representantes dessa empresa. E que não tem como se
manifestar sobre consultorias contratadas diretamente pela Gás Verde.
O advogado de
Hudson Braga disse que a defesa do ex-secretário irá prestar esclarecimento as
autoridades.
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