25 de nov. de 2007

A AGONIA das VIÚVAS de PM

JORNAL DO BRASIL – 25/11/2007 – Domingo.
Capa:Tristes histórias de viúvas de PMs.

Caderno Cidade: A agonia das viúvas de PMs com as pensões defasadas

Segurança: Mulheres de Policiais Militares mortos não tiveram direito aos dois últimos reajustes concedidos à categoria e ainda esperam pelo 13º referente ao ano de 2002. Governo não se explica.


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A agonia das viúvas de PMs Marcelo Migliaccio.


Na semana passada, quatro policiais militares foram mortos no Rio, engrossando uma dramática estatística: só em 2007, até a última quinta-feira, 121 novas famílias passaram a depender da pensão paga pelo Estado para continuar vivendo. Porém, ao contrário do que se poderia imaginar, isso não significa segurança financeira, já que as viúvas de PMs não tiveram direito aos dois últimos reajustes - 17% em 2005 e 4% este ano - concedidos aos ativos e inativos da corporação. O 13º salário de 2002 não foi pago até hoje.
- Os reajustes, a princípio, eram só para o pessoal da ativa. Com muita luta, conseguimos estendê-los aos inativos, mas não às viúvas - diz o presidente do Clube de Cabos e Soldados da PM, tenente Jorge de Souza Lobão.
- Meu marido morreu há quatro anos e, como não era corrupto, só deixou uma kombi 72 - diz Léa da Silva de Queiróz, 65 anos. Deficiente física, ela gasta os R$ 1.600 com água, luz, telefone, remédios e plano de saúde. Atualmente, vende balas na porta de casa, no Méier, para reforçar o orçamento.
- Ele se foi e as dívidas ficaram - lamenta, referindo-se ao ex-cabo Ruiter Ribeiro de Queiróz, que passou 32 anos na PM e morreu depois de reformado como sargento.
Outra batalha das famílias é por informações na Diretoria de Inativos e Pensionistas da PM fluminense que, segundo a assessoria da instituição, serve para orientar os pensionistas sobre seus direitos.
- É difícil obter qualquer esclarecimento lá- diz a escriturária Ana Lúcia da Silva Maia, mãe de um filho de 6 anos do sargento Luiz Carlos Pires Ferreira, assassinado ao reagir a um assalto em março de 2006 (leia o texto na página 19) e que hoje recebe menos de R$ 500 por mês.
A situação se complica ainda mais quando o corpo do PM assassinado não é encontrado. Marlene Machado Antunes passou quatro meses sem dinheiro até conseguir receber a pensão referente ao marido, o também sargento Jorge Roberto Antunes, assassinado por traficantes na Baixada Fluminense.
- Quando fui falar com o comandante do batalhão em que ele era lotado, ouvi até insinuações de que meu marido poderia ter fugido com alguma amante - conta Marlene (texto na página 19).
Saber a razão de os reajustes não terem sido estendidos às pensionistas é difícil até para a imprensa. Durante a semana, o JB entrou em contato com as secretarias de Governo, Fazenda, Planejamento e Segurança, mas até sexta-feira, nenhuma delas informou as razões. Pela sua assessoria de imprensa, o governador Sérgio Cabral afirmou que não foi possível conceder reajuste maior do que 4% para os ativos e inativos da PM:"O governo tem por obrigação trabalhar dentro da realidade orçamentária. Nesse sentido, fez um expressivo esforço - não realizado pelos governos anteriores - de conceder reajuste salarial de 4% a três categorias eleitas como prioritárias por esta gestão (segurança, saúde, educação)", dizia a nota oficial.
CEL ESTEVES - BARBONO

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