18 de nov. de 2007

O SIMPLES E O ERUDITO

O SIMPLES E O ERUDITO

Às vezes me surpreendo questionando sobre a riqueza de nossa língua, que nos permite dizer a mesma coisa das mais variadas formas.
Vocês hão de perguntar por que isso agora?
Pois é, lendo um artigo postado na Internet por um autor de alguns livros, deparei-me com a necessidade do mesmo de colocar palavras e expressões não muito comuns no nosso dia-a-dia, daí pus-me a observar e notei que era habitual àquele escritor agir dessa forma.
Já tinha tido oportunidade de ouvir algumas entrevistas com o autor, bem como assistir-lhe a fala e, pelo que me recordo, em nenhuma das ocasiões precisei do socorro do “Aurélio” para entender-lhe a mensagem.
Se ao falar em público e à mídia o faz de forma simples e clara, às vezes até um tanto vulgar, então porque usar de palavras rebuscadas, que poucas vezes ouvimos no cotidiano, para se expressar?
Seriam seus leitores catedráticos com dificuldade em apercebesse do obvio, necessitando para tal que o agente usasse do artifício de adornar os escritos?
Talvez.
Quem sabe?
Será que ele saberia?
Ou seria um simples caso de auto-afirmação.
Bem esse fato me conduz a algumas publicações no boletim da PMERJ, mais precisamente na quarta parte, “justiça e disciplina”, onde são publicadas as soluções de procedimentos apuratórios, bem como as notas de culpa dos policiais punidos.
Assim como o escritor, não raras vezes me vejo obrigado a parar de ler para com calma interpretar as orações, quando não sou levado a socorrer-me do prestimoso “Aurélio”.
Como tenho a certeza de que a grande maioria dos leitores do boletim da PMERJ é composta de gente simples como eu, só me resta a convicção de que, como no caso do escritor, deve ser necessidade de se afirmar culto para impor mais respeito.
Tenho uma visão diferenciada do tema, já que entendo que respeito se adquiri com o tempo e devido a comportamento e ações, enquanto cultura é tudo aquilo que aprendemos não só nos livros, mas também e principalmente, no dia-a-dia no convívio com as pessoas a nosso redor.
Aculturar-se é ler sim, mas, sobretudo entender o porque das coisas simples, sem menosprezá-las por isso.
E como disse São Francisco: “que o senhor lhe dê a paz”.

CEL ESTEVES - BARBONO

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